Os governos da Bacia do Prata estão promovendo fortemente a produção e expansão de indústrias de agronegócios em grande escala para exportação, principalmente soja e pecuária. A produção intensiva de animais e culturas teve um impacto ambiental devastador na Bacia do Prata. Trata-se de um modelo econômico que concentra riquezas em posse de poucos latifundiários com escasso benefício para as comunidades locais.
Os agronegócios se expandem às áreas alagadas
O método de corte e queima está tornando as ricas florestas e áreas alagadas da Bacia do Prata em explorações agrícolas de monocultura e desencadeando enormes incêndios florestais. Os agroquímicos contaminam a água, solos, rios e lagoas, causam problemas de saúde pública, incluindo o aumento do câncer, principalmente entre crianças e mulheres. Os agroquímicos prejudicam também as populações de peixes e a vida aquática, que são uma importante fonte de proteínas para os povos locais. A situação está afetando o papel que cumpre o ecossistema da Bacia do Prata em regular o clima regional e global, sem mencionar que é o lar de milhões de pessoas que encontram lá o seu sustento.
Comunidades e ecossistemas resilientes através da agroecologia
A rede Pantanal sem Fronteiras está trabalhando com pequenos produtores/as e cooperativas locais oferecendo treinamento e capacitação em agroecologia. A agroecologia é um quadro para descrever o conhecimento e as práticas dos produtores/as de alimentos que trabalham em sistemas produtivos e de uso das terras resilientes e sustentáveis. Funciona em harmonia com os ecossistemas, no intuito de restabelecer a natureza, em lugar de destruí‑la. As práticas agroecológicas são uma solução sustentável para famílias produtoras, que dessa forma têm acesso a uma dieta variada, maior segurança alimentar e podem comercializar o excedente no mercado local.
Estamos capacitando em práticas como o controle biológico de pragas, a jardinagem orgânica comunitária e a silvicultura análoga, que promove um melhor manejo dos solos e da água, protege a biodiversidade e melhora a resiliência contra a mudança climática. Estamos apresentando novas práticas como a apicultura em comunidades distantes para a produção de um mel extraordinário proveniente das áreas alagadas. O nosso selo de origem para produtos agroecológicos das áreas alagadas da Bacia do Prata está ajudando os produtores/as locais a serem reconhecidos pelos seus produtos e aumentar assim seu potencial de comercialização.
Promover a agroecologia em políticas e na prática
A rede Pantanal sem Fronteiras visa expandir o número de produtores/as e hectares em que a agroecologia é praticada. Advogamos pela integração da agroecologia nas decisões oficiais dos formuladores de políticas, incluindo ministérios e secretarias de ambiente, água, florestas, agricultura, desenvolvimento rural e planejamento territorial. Estamos exercendo influência em nível local e nacional, e engajando-nos com instituições internacionais e investidores para aumentar as políticas, leis e suporte para a agroecologia. As nossas campanhas focam na sensibilização e o reconhecimento da agroecologia com uma prática viável e pronta para o futuro da região.
Apicultor agroecológico a caminho de suas colmeias, acessível somente por barco.
As práticas agroecológicas são uma solução sustentável para famílias produtoras, que dessa forma têm acesso a uma dieta variada, maior segurança alimentar e podem comercializar o excedente no mercado local.